25/04/2013
Revista Brasil Energia - n. 388

Entrevista com o Prof. Luiz Tavares de Carvalho sobre baterias elétricas.

 

O Prof. Luiz Tavares de Carvalho dá o seu parecer quanto à viabilidade da fabricação e comercialização de veículos elétricos no Brasil ou no exterior.

 

Viabilidade

A viabilidade técnica, de produção, econômica e financeira da produção e comercialização de veículos elétricos por longos períodos poderá ser perfeitamente alcançada, e rapidamente, caso a abordagem do empreendimento considere, não a substituição ou comparação indistinta com veículos com outros tipos de acionamento, mas sim o desenvolvimento de um mercado próprio, um produto representativo do "Estado da Arte", uma industrialização assentada na eficiência e na cadeia de valor e ainda numa comercialização diferenciada.

 

Mercado

O mercado a ser atendido pelo veículo elétrico deverá considerá-lo como:

. Complementação do transporte público urbano, com a integração do transporte público de massa com o transporte individual, por meio da disponibilização dos veículos nas estações ou terminais de passageiros.

. Car share, mediante o uso compartilhado de um bem de terceiros.

. Reserva de energia, com o abastecimento elétrico de consumidores alternativos com energia excedente e mais barata das baterias do veículo.

. Racionalização do transporte urbano, com a utilização do veículo adequado no atendimento das demandas citadinas, tais como: mobilidade do homem, prestação de serviços, lazer ou transporte de pequenas cargas

. Proteção ambiental, com a eliminação total das emissões de gases e material particulado, bem como de ruído

 

Produto

O produto para penetrar e se sustentar no mercado deve ter um apelo que atenda às suas expectativas

. Dimensões reduzidas, mas que preservem o espaço interno.

. Peso baixo, com a aplicação de alumínio, termoplásticos e policarbonato.

. Desempenho elevado, atendendo a velocidade e a autonomia esperadas.

. Conforto superior, com disponibilidade de ar condicionado, áudio e ergonomia de portas, assentos e comandos.

. Design inovador, com desenho invulgar, impactante e objeto de desejo.

 

Industrialização

A industrialização do veículo elétrico deverá ser feita obrigatoriamente segundo os conceitos de Lean Management; com a eliminação de desperdício; a otimização da infraestrutura humana, padronização:  produtos, processos e qualidade robustos; logística racional e melhoria contínua. A utilização de novos materiais na fabricação da carroceria , como, por exemplo, de termoplásticos já na cor definitiva, eliminaria a instalação de pintura e  a substituição de vidros por policarbonato reduziria substancialmente o peso.  

 

Comercialização

A comercialização do produto poderia ser grandemente facilitada com o aluguel das baterias em lugar da venda. As baterias representam cerca de 35% do custo do veículo e com o aluguel das mesmas o investimento inicial seria significativamente menor, alavancando por consequência as vendas.

 

Custos

Os custos de desenvolvimento, industrialização e comercialização do produto podem ser otimizados, permitindo um retorno dos investimentos num período igual a 5 anos. O preço de venda do veículo, sem as baterias, seria equivalente ao dos veículos populares.

 

Indicadores

Se compararmos os veículos elétricos integrais com os híbridos, podemos dizer o seguinte:

. Um veículo elétrico ocupa na malha viária uma área própria de 4,60 m2, contra uma de 7,60 m2 de um híbrido.

. Um veículo elétrico utiliza uma massa de 7,3 kg para transportar 1 kg de passageiro, enquanto um híbrido utiliza 21,8 kg.

. A autonomia de um veículo elétrico é de 150 km, enquanto  de um híbrido é de 1000 km.

. A potência de um veículo elétrico é de 20 cvs, enquanto a de um híbrido é de 150 cvs combinada (motor a combustão e motor elétrico).

. Um veículo elétrico pode transportar 2 passageiros com todo o conforto, um híbrido 5 com o mesmo nível de conforto.

  obs. 60% dos veículos que trafegam nos centros urbanos transportam apenas 1 passageiro

. O custo da energia e do combustível por km rodado é equivalente para ambos os tipos de veículos, considerando-se no veículo elétrico já o custo do aluguel da bateria.

. O veículo elétrico apresenta nível zero de emissão de gases e material particulado, assim como ruído. Apesar dos baixos níveis o mesmo não pode ser dito para os híbridos.

 

Conclusão

Como assinalado inicialmente, o veículo elétrico é a melhor  e a mais viável  solução para o mercado desenhado anteriormente, sendo os híbridos em contrapartida os mais indicados para  as viagens interurbanas. Os veículos com motores Flex e a gasolina disputam com desvantagem o mesmo mercado dos híbridos.

 



Fonte:http://brasilenergia.editorabrasilenergia.com/cadun/login?url_retorno=/news/gtd/comercializacao/2013/02/bateria-arriada-449165.html

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